Todas as manhãs você certamente faz a mesma rotina, levanta, vai ao banheiro, escova os dentes, se arruma para ir ao trabalho, toma um bom café da manhã ou às vezes deixa para tomar na empresa ou no caminho até lá, certo?

Dentro do carro, naquela mesma rua de sempre, em frente ao colégio de freiras da sua cidade, o habitual congestionamento. “Cinco minutos antes, se eu saísse cinco minutos antes…”, você pensa.

Chega faltando dois minutos para a reunião, se desculpa pelo quase atraso, pega o seu celular, abre seu CRM para ver as anotações que foram feitas na última conversa e inicia o atendimento.

Durante a conversa é inevitável pensar: será que vai dar certo? Ele já falou com a concorrência? Vi que lançaram uma condição de pagamento muito melhor que a minha, e agora?  E o que acontece é sempre a mesma coisa: você está completamente inseguro na hora de fazer a proposta de assinatura de contrato. Volta para o escritório com um “talvez”, fica de ligar dali a dois dias, mas seu cérebro já está pensando o quanto você vai perder de comissão e que se você tivesse acordado no primeiro toque do despertador ou preparado melhor sua apresentação, isso não teria acontecido.

Mas, na próxima reunião com o próximo cliente a insegurança continua. Isso é um sabotador para o seu sucesso. Todos nós temos sabotadores e isso se estenderá por um bom tempo, até que tome uma atitude drástica para que sua vida mude.

Sabotadores: até quando?

Dizer “na segunda-feira começo a dieta”, enquanto come uma barra de chocolates é tão maléfico para seu sucesso no objetivo que traçou quanto um “faço esse relatório depois do almoço” e nós infelizmente estamos muito acostumados a procrastinar ou não encarar de frente o que nos impede de ter uma vida melhor, seja em qual âmbito for. Mas até quando vamos manter esses hábitos? Os hábitos, sejam bons ou ruins, são parte do nosso dia, algo que a gente quase não precisa pensar para fazer. Você está condicionado, por exemplo, a beber água quando sente sede, a escovar os dentes, a tomar banho.

É quase como viver no piloto automático. Mas isso não é uma condição permanente. Basta a nós – e somente nós – a decisão de mudar um hábito. É claro que alguns desses hábitos são tão fortes que deixam de ser hábitos e passam ser manias ou vícios, mas para eles a abordagem é outra e se você não sabe se aquela quantidade de café depois do almoço que você toma é um hábito ou um vício, é preciso ajuda de um profissional para conseguir identificar e principalmente alterar o que te prejudica.

*Com a palavra, a especialista: *

Mudar algum hábito não é tarefa fácil. Para saber se a mudança de hábito que você está planejando realmente vai acontecer você deve fazer algumas  perguntas para você mesmo. “Eu realmente quero mudar esse hábito? É importante pra mim?”.

Não se engane! Se a resposta for realmente “sim, eu quero mudar esse hábito e isso é realmente importante pra mim” o passo seguinte é você começar a identificar o que no ambiente faz você emitir o hábito ruim, quais são os reforçadores que mantém o mau hábito?

Por exemplo, você tem o hábito de levantar várias vezes para tomar um café e isso atrapalha sua produtividade. Para abandonar esse hábito é  necessário que você identifique algumas variáveis: em que situação isso acontece? Você faz isso por que precisa de açúcar e cafeína, por que precisa espairecer e falar com um colega ou por que você precisa levantar?

Por fim, você precisa levantar comportamentos alternativos que mantenham os ganhos do mau hábito e tornem sua rotina mais saudável e produtiva e treinar muito. Você provavelmente vai ter recaídas, só não vale desistir!

Joseani Kochhann, psicóloga organizacional e coach

Sabotadores no ambiente de trabalho:

Quando comecei a fazer esse conteúdo, pedi para as pessoas me darem exemplos de hábitos que consideram sabotadores de sua produtividade diária. Nosso CEO, Lucas Teixeira compartilhou um hábito que tinha – e conseguiu mudar – que com certeza faz parte da rotina de muita gente: checar os e-mails o tempo todo e ficar aguardando uma resposta que pode demorar horas para chegar.

Isso está muito relacionado ao FOMO, que tanto vem sendo abordado em conversas sobre a geração Y e equipes rentáveis. O “fear of missing out”, ou “medo de ficar por fora” em tradução livre, é um dos sabotadores mais presentes na última década graças aos smartphones, ao aumento do acesso às redes sociais como Facebook e Instagram e aplicativos de mensagem, como o WhatsApp.

Para muita gente, passar um período todo de trabalho sem ver quantas pessoas curtiram sua última foto postada é uma tortura e por isso acabam perdendo muito tempo que deveriam estar produzindo, acompanhando o que está acontecendo online.

Entender o que está te impedindo de ser o profissional que deseja ser é o primeiro passo. Para vendedores, identificar hábitos negativos e substituí-los por positivos é tão importante que temos muitas histórias de sucesso em vendas construídas em cima de bons hábitos.

Segundo o livro “O poder do hábito”, de Charles Duhigg, para conseguir alterar um hábito é preciso primeiro identificar qual o gatilho de disparo que te conduz a ele: um local, uma pessoa, um estado emocional?

Por exemplo: Se está nervoso, come mais doce do que o normal, se sente bem por duas horas mas depois fica triste porque sabe que esse hábito vai contra os cuidados que tem com sua saúde.

O exemplo que o autor traz é um exemplo pessoal: todos os dias entre 15h e 15h30 ele precisava ir até a cafeteria da empresa, comprar um cookie de chocolate e comer. Isso fez com que ele engordasse 4 quilos e passasse a ouvir alguns comentários da esposa.

Para isso, ele foi analisar o que o levava a ter esse hábito e descobriu que era o prazer em socializar durante aqueles minutos em que estava na cafeteria.

Ou seja, para mudar esse hábito, ele resolveu substituir a ida ao café por uma andada pelo escritório para conversar com alguns colegas.

É por isso que o autoconhecimento é tão importante. Sem ele, não conseguimos identificar o que nos impede de sermos melhores, mais produtivos, mais saudáveis.

Você já parou para pensar nisso? Na quantidade de coisas que você faz diariamente que podem ser substituídas por algo mais produtivo, que te traga uma recompensa melhor? E se sim, está disposto a mudar?  

 

Texto escrito por Isadora Lopes.